Havia um Reino, há muito dominado pelo exército da estrela
branca, onde o Povo vivia a ilusão de que a estrela brilhava para todos e tão
grande era este brilho imaginário que o povo não via o que pelas sombras era
confabulado e orquestrado. O Povo sorria...
Com os olhos embaçados pela forte luz vermelha, as barrigas
cheias pelo domínio do medo, as cabeças vazias pela ausência do saber e os
corações alimentados de uma falsa paz vendida, o povo vivia feliz sem ter a
menor ideia de que eram enganados e ludibriados. O Povo feliz(?) vivia...
O Povo não tinha terras, então o Reinado achou que deveriam
invadir as terras dos que muito tinham e ali construir, não importando se a
terra era de outrém, a lei era clara, tinha terra dividi-la teriam mesmo que
nelas produzissem ou se sustentassem, mas os recém chegados não eram obrigados
a nada produzir, somente se apossarem e ali sugarem o sal e o sol da terra. O
povo regozijava...
O Povo tinha fome, apossando-se de ideias dantes estudadas e
pensadas por reis depostos e decapitados, o reinado da estrela branca concedeu
ao povo uma doação de cestas de alimentos, porém no fundo desta, disfarçada em
pães, água e farinha a coação se escondia. O Povo não a via...
O Povo não tinha letras, carreira ou canudo, o Reino lhes
deu a esperança em forma de técnicas agrícolas, industriais, comerciais, mas
não lhes permitiu cultura, estudo demais, pois o povo com braço forte e cabeça
oca vale muito mais. O Povo se inscrevia...
O Povo não tinha voz, eles então lhes deram a ilusão de que
sua voz seria ouvida, seus direitos seriam exercidos e com discursos
fantasiosos, dadivosos, generosos e magnânimos ao povo se dirigiam. O Povo
acreditava e na falcatrua caia...
O Povo agora tinha teto, barriga cheia, curso técnico e
esperança. O Povo se iludia...
Os poucos que labutavam braçalmente de sol a sol, que
tentavam manter seus feudos produtivos com mãos calosas e sofridas, que folheavam
livros e abriam suas mentes eram cada vez mais execrados, excluídos, quiçá
exterminados. O Povo não via e até aplaudia...
Um dia a esperança desta Luz Vermelha se apagar surgiu e
mais da metade do Povo nela embarcou, muitos com medo da Soberana Vermelha
abstiveram-se ou privaram-se da escolha, pois o medo grita mais alto que a
esperança e o domínio monárquico a outra metade oprimiu, enganou, e obrigou a
contra a esperança lutar. O Povo que era enganado sucumbia...
Por muito pouco a esperança não venceu a luta, mas
transações escuras, sombrias, jogos escusos, esconsos, tramas indecorosas,
indecentes, confabulações obscuras, obscenas a cena surgiram e num repente
maligno com lâminas afiadas a esperança na raiz cortou. O Povo que enxergava
sofria...
O outro lado do Povo, oprimido, vendido, seduzido, enganado,
enrolado, ludibriado a vitória do Reinado se rendia, e até aplaudia. O povo a
verdade ainda não via...
Por detrás da promessa da igualdade entre todos a maioria
não via as tramas verdadeiras, o enredo real do discurso da Rainha, conchavos
com reinados vizinhos, macabros acordos, sinistros pactos há muito já
realizados e que com a ajuda do povo vendado agora seriam concretizados. O povo
ainda não enxergava...
Os outros que viam temiam, tentavam aos ludibriados em
avisos frenéticos e aflitos suas vendas retirarem, seus olhos abrirem, suas
ideias clarearem, mas por tanto que queriam a estes a verdade mostrarem e dos
domínios do medo os salvarem, pelos mesmos eram caluniados, afrontados, até
mesmo açoitados. Mas o Povo que a verdade enxergava nunca desistiria...
Um dia os cegos enxergarão, os ludibriados acordarão, os
subjugados libertados serão, porque os que enxergam ajudarão, os que veem a
verdade não desistirão, pois todos são irmãos, o Povo é um só e não uma divisão
e o Reinado com a junção de toda nação derrubado será e cairá ao chão. O Povo
Unido Jamais Será Vencido.
2014-11-03
Fabiana Guaranho
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