Este me marcou pela sua frieza.
Em Fevereiro de 1984 ao sair da sessão de cinema deste filme, nos meus antigos (?) 25 anos fiquei tão estupefada que escrevi um poema (transcrevo-o abaixo).
O filme me marcou tanto a ponto de duas quadras a frente eu ainda não conseguir pronunciar nem mesmo uma palavra, era um verdadeiro zumbi juvenil, e os que estavam ao meu lado me parecia iguais a mim.
O filme em questão era The Day After (O Dia Seguinte),os que o viram e lembram provavelmente tiveram a mesma reação que tive.
Aos que não viram, o mesmo tratava do assunto mais temido da época, a Guerra Nuclear.
Hoje, porém, revirando minhas anotações em minhas gavetas desarrumadas, ou talvez até revendo o filme , minha reação talvez seria outra.
Pois paro e analiso que realmente o que é a Guerra Nuclear hoje?
Somente uma lembrança distante, um medo esquecido.
Pra mim, e muitos cariocas ou brasileiros não é nada perto da guerra urbana diária a qual se submetem a cada saída de casa.
Cada ida e vinda é comemorada como um renascimento; Sim, escapei, retornei a minha trincheira sem ser abatido pelo inimigo.
Remeto-me a tempos passados, saudosistas, quando em meus medos da juventude a única temeridade era a Bomba Nuclear.
Que saudades destes tempos, onde não existiam balas perdidas zunindo a cada esquina, sequestros eram de pessoas abastadas, poderosas e não relâmpagos que somem com pessoas comuns somente por retirar seus míseros trocados da maquininha eletrônica.
Gangues eram coisas de filmes da máfia, crack(craque)indiferente da grafia era um bom jogador de futebol, Ar-15, Glock, eram palavras usadas pelos policiais da S.W.A.T. no seriado americano, balas à esmos eram doces destribuídos no dia de Cosme e Damião.
Desculpem.
Voltemos ao filme; o Diretor Nicholas Meyer, o responsável pelos dois melhores filmes de Jornada nas Estrelas (Parte II e Parte VI) construiu em O Dia Seguinte um clássico controverso e impressionante que marcou os anos 80.
Mostra ele com toda clareaza e frieza o que aconteceria se os EUA e a União Soviética tivessem desencadeado a Guerra Nuclear.
E não digo mais nada pra não estragar a surpresa dos que ainda não viram, mas aviso é um pouco assustador(ainda).
Perdoam-me os que acharam que aqui estaria um filme mais ameno, porém, foi este que ficou marcado em minha memória.
Informações Técnicas
Título no Brasil: O Dia Seguinte
Título Original: The Day After
País de Origem: EUA
Gênero: Ficção
Tempo de Duração: 126 minutos
Ano de Lançamento: 1983
Aos que ficaram curiosos, segue o texto que escrevi após ver o filme.
The Day (O Dia-A bomba zomba da tonta pomba)
Pais,
País,
Paz.
Na praça que passa,
O velho vejo.
Baba na barba.
Branco no banco.
Espera o fim da esfera.
A guerra que ferra,
Que fere a Terra.
Que espera sentada,
Sem nada,
Quase acabada.
Aniquilada.
De repente
Um tremor sente.
Explode.
Acaba com o que pode.
(E com o que não pode)
Lindo é o desenho no ar,
Mas não consigo mais respirar.
Aquele que a vê,
Nunca mais poderá ver.
Aquele que escuta,
Tem uma vida curta.
Acaba ali,
Sem nada ouvir.
O que viveu,
Inveja o que morreu,
Pois além de tudo ter escapado,
Fica mudo, ali sentado.
Esperando ela,
Aquela leve,
Escura mas clara,
Chumbo ou neve?
Como deve ser ela?
A radiação.
Como um som
Ocupa o espaço,
Por ela passo,
Passo a passo.
Nada faço.
Já está em mim
E é o fim até o fim.
O que resta não presta.
Contaminado ou aniquilado.
Quem foi o primeiro?
O segundo?
O terceiro?
Tinha terceiro??
Resumo do mundo
Agora imundo.
A pomba não venceu a bomba.
A bomba zomba da tonta pomba.
(Por que não, a pomba zomba da tonta bomba que tomba?).
Quero ar,
Quero respirar,
Quero o mar,
Quero escapar,
Quero me retirar,
Quero parar,
Não quero esperar
O mundo acabar,
Com a terrível.
Guerra Nuclear.
País,
Paz.
Na praça que passa,
O velho vejo.
Baba na barba.
Branco no banco.
Espera o fim da esfera.
A guerra que ferra,
Que fere a Terra.
Que espera sentada,
Sem nada,
Quase acabada.
Aniquilada.
De repente
Um tremor sente.
Explode.
Acaba com o que pode.
(E com o que não pode)
Lindo é o desenho no ar,
Mas não consigo mais respirar.
Aquele que a vê,
Nunca mais poderá ver.
Aquele que escuta,
Tem uma vida curta.
Acaba ali,
Sem nada ouvir.
O que viveu,
Inveja o que morreu,
Pois além de tudo ter escapado,
Fica mudo, ali sentado.
Esperando ela,
Aquela leve,
Escura mas clara,
Chumbo ou neve?
Como deve ser ela?
A radiação.
Como um som
Ocupa o espaço,
Por ela passo,
Passo a passo.
Nada faço.
Já está em mim
E é o fim até o fim.
O que resta não presta.
Contaminado ou aniquilado.
Quem foi o primeiro?
O segundo?
O terceiro?
Tinha terceiro??
Resumo do mundo
Agora imundo.
A pomba não venceu a bomba.
A bomba zomba da tonta pomba.
(Por que não, a pomba zomba da tonta bomba que tomba?).
Quero ar,
Quero respirar,
Quero o mar,
Quero escapar,
Quero me retirar,
Quero parar,
Não quero esperar
O mundo acabar,
Com a terrível.
Guerra Nuclear.
escrito em 24.02.84
FaBiaNa GuaRaNHo